terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Quem foi Bequimão (Manuel Beckman)?


Manuel Beckman nasceu em Lisboa. A sua data de nascimento é desconhecida, mas estima-se que foi em 1630. A sua morte foi em 2 de novembro de 1685, em São Luís do Maranhão.
 

O sobrenome Beckman possui origem germânica. Nos textos em português, é comum escrever este sobrenome na sua forma aportuguesada, Bequimão.

Manuel Beckman é considerado por alguns historiadores como o primeiro mártir da independência, antes mesmo de Tiradentes.


A história de Manuel Beckman no Brasil começou ainda na sua juventude. Com o tempo, tornou-se senhor de engenho na região do rio Mearim, no Estado do Maranhão, em companhia do seu irmão Thomas Beckman (Tomás Bequimão, em sua forma aportuguesada). Manuel foi vereador da Câmara Municipal de São Luís, e Thomas Beckman, advogado.


Naquela época, século XVII, o Estado do Maranhão estava passando por uma situação de pobreza extrema. A região não tinha condições de exercer o cultivo de cana-de-açúcar. Então as atividades econômicas resumiram-se à criação de gado e agricultura de subsistência.


O mais comum nas regiões açucareiras do Nordeste era a compra de escravos negros. Porém, no Maranhão, devido à situação de pobreza extrema, a população não tinha condições de seguir este exemplo. A solução foi escravizar índios.


Porém, os jesuítas tinham interesse em proteger os índios. Isso inevitavelmente gerou conflitos entre os jesuítas e a população que tinha interesse em escravizar os índios. Como consequência, os jesuítas acabaram expulsos do Maranhão.
 

Todavia, os jesuítas voltaram sob a proteção de uma lei do governo de Portugal favorável aos índios.
 

Para satisfazer padres e colonos, a Coroa Portuguesa decidiu fundar, em 1982, a Companhia de Comércio do Maranhão. Esta Companhia detinha o monopólio do comércio na região.
 

Uma de suas responsabilidades era trazer alimentos (trigo, vinho, azeite, etc) da Metrópole, e seiscentos escravos negros por ano, como investimento. Toda a produção realizada no Maranhão deveria depois ser enviada para comércio na Europa.
 

No entanto, a Companhia descumpriu o acordo. Trazia escravos negros em número reduzido, e a produção de qualidade inferior, realizada no Maranhão, era vendida para a população maranhense a altos preços. E como se não bastasse, havia ainda adulteração de pesos e medidas.
 

Manuel e seu irmão Thomas lideraram um movimento que ficou conhecido como A Revolta de Beckman, em favor da população maranhense, quando esta começou a se revoltar contra os abusos da Companhia e dos jesuítas.
 

O auge do conflito ocorreu em 24 de fevereiro de 1684, durante as festividades Nosso Senhor dos Passos. Na ocasião, Beckman e seus aliados surpreenderam e aprisionaram o capitão-mor de São Luís, Baltazar Fernandes.
 

O resultado disso foi que Manuel Beckman conseguiu assumir o governo, tendo assim condições de expulsar novamente os jesuítas e dar fim à Companhia de Comércio do Maranhão.
 

Thomas Beckman viajou para Portugal, com a finalidade de exigir o fim do monopólio da Companhia de Comércio do Maranhão, assim como a expulsão dos jesuítas e a liberdade para escravizar índios. Mas acabou sendo preso.
 

Em 15 de maio, a revolta sofreu um revés quando a Metrópole enviou para São Luís tropas sob o comando do tenente-general Gomes Freire de Andrade, para pacificar o Estado e punir os revoltosos.
 

Gomes Freire de Andrade emitiu ordem de prisão contra Manuel Beckman, que acabou fugindo. Para garantir sua captura, o general ofereceu como recompensa o cargo de Capitão das Ordenanças.
 

Manuel Beckman refugiou-se no engenho Vera Cruz. Porém, o seu afilhado Lázaro de Melo, motivado pela recompensa oferecida pelo general, traiu o padrinho, entregando-o preso.
 

Lázaro de Melo foi empossado no cargo, conforme prometido pelo general. Porém, os subordinados, sabendo da traição do novo capitão contra seu próprio padrinho, repudiaram-lhe o gesto vil, recusando-se a obedecer-lhe as ordens. Lázaro de Melo queixou-se disso ao governador Gomes Freire de Andrade, que apenas lhe respondeu: "Nada tenho que fazer. O que o governo prometeu, cumpriu. Obrigar os subordinados a aceitar o seu comando está fora dos poderes do governo, ou melhor, já não é de minha alçada. Faça por ser obedecido". 
 

Manuel Beckman foi condenado à forca, e os demais envolvidos no movimento foram condenados à prisão perpétua.
 

A execução pública de Beckman por enforcamento ocorreu no dia 2 de novembro, na praça do Armazém. Suas últimas palavras foram: "Pelo povo do Maranhão, morro contente!".
 

Todos os bens de Beckman foram a leilão. Gomes Freire de Andrade arrematou-os todos e restituiu-os à viúva e filhas do revoltoso.
 

Com o fim do conflito, o governo português ordenou a extinção da Companhia de Comércio e o retorno dos padres jesuítas a Portugal.

Histórico do Município de Bequimão Maranhão



Os indígenas foram os primeiros habitantes do pequeno povoado que eles denominaram de Cabeceira, por se encontrar na cabeceira do Rio Itapetininga. 

O segundo nome da cidade foi Santo Antônio e Almas, na condição de distrito criado pela Lei Estadual nº 801, de 22 de abril de 1918. 

O povo organizou um movimento popular com o auxílio do Capitão José Mariano de Castro e do Sr. Holfenio João Cantanhede, obtendo assim uma nova denominação: Godofredo Viana, baseada no Decreto Estadual de 31 de dezembro de 1923. 

Em 1930, por questões políticas, recebeu o nome definitivo de Bequimão, o qual conserva até hoje. 

Perdeu a categoria de município, passando a integrar o de Alcântara. 

Somente em 19 de Junho de 1935, por Decreto Lei nº 855 do então interventor federal Capitão Antônio Martins de Almeida, Bequimão foi restaurado novamente à condição de município e elevado à categoria de cidade em abril de 1938.


O primeiro Prefeito, a partir desse ano, foi o Capitão José Mariano Gomes de Castro, seguido por João Francisco da Costa Almeida, Felix dos Santos Castro, Eduardo Sá Mendes, João Bastos Tavares, Manuel Fernandes Pinheiro, Atanázio Bouéres, Raimundo Magalhães Ramalho, Aniceto Cantanhede, José Pereira Damasceno, Alcides de Castro Boueres, Juares Pereira Damasceno, Camilo Lelis Pinheiro, João Batista Cantanhede Martins (2º mandato), Vivaldo Lemos Paixão, Dr. Leonardo Cantanhede (2º mandato), João Batista Cantanhede Martins (3º mandato)...

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